Matéria por Iago Seo
Na noite da última segunda-feira (26), três aviões do governo Vargas bombardearam a cidade de Bragança Paulista, interior de São Paulo. Uma das bombas quase atingiu a estação da cidade. Duas pessoas ficaram gravemente feridas. Segundo informações, elas foram socorridas e levadas para a Santa Casa local.
Essa seria a manchete que os cidadãos bragantinos estariam lendo em 27 de setembro de 1932, poucos meses após o início da revolução constitucionalista, que marca o feriado em 09 de julho.
Em 1930, a ascensão de Getúlio Vargas ao poder marcou o início de um projeto nacional que reduziu significativamente o poder político do Estado de São Paulo. Vargas revogou a Constituição de 1891 e governou sem qualquer carta de leis, criando um ambiente propício para o descontentamento paulista em defesa do status quo da República Velha, e o governo Café com Leite.
“O conflito de 32 tem muita expressividade pro estado de São Paulo…A região aqui [Bragantina] foi forte para a agremiação dos soldados para o conflito”, comentou o professor de história, Carlos Alexandre das Neves.
O papel de Bragança Paulista
Bragança Paulista mais uma vez fez história no Brasil. Em um artigo publicado pelo historiador Cláudio moreira bento, ele narra que em 23 de maio foi o verdadeiro estopim para o movimento revolucionário.
“O levante teve lugar na noite de 9 de julho de 1932, unindo tropas da Força Pública de São Paulo, algumas unidades do Exército, e voluntários paulistas.”, escreveu o historiador.
Durante a Revolução de 1932, os revolucionários mantiveram uma vigilância fraca, contando apenas com alguns membros da Força Pública e voluntários de São Paulo. Essa vigilância cobria uma grande área, passando por Bragança Paulista, Campinas, Ribeirão Preto, Uberaba e São José do Rio Preto.
Bragança Paulista desempenhou um papel crucial na defesa do território paulista durante a Revolução Constitucionalista de 1932, integrando a Frente Mineira, que incluía também Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Essa ampla extensão territorial foi vital para a tentativa de repelir as forças inimigas. Bragança abrigou grande parte do contingente revolucionário, que organizou suas tropas na cidade. No entanto, em 26 de agosto, a falta de munição e a inferioridade numérica obrigaram a retirada das fronteiras.
Nesse confronto, 119 bragantinos participaram ativamente, dos quais doze perderam suas vidas em prol dos ideais de justiça e liberdade. Vale ressaltar que por conta da ferrovia, Bragança foi utilizada estrategicamente como ponte de acesso aos recursos, como armas e alimentos para o conflito.
O professor ainda avalia: “Podemos fazer uma interpretação no contexto da época. Bragança, devido à proximidade com o sul de Minas [Minas Gerais], era ali onde eles se organizavam para montar um front. Quando começa a revolução, o sul de Minas se torna um front, onde os federais atacaram os revolucionários”.
“Aviões da ditadura lançam três bombas em Bragança Paulista”
“Repetem-se todos os dias as façanhas da aviação ditatorial, no bombardeio e metralhamento de cidades abertas. Ainda ontem, consoante foi largamente divulgado, coube a vez à linda cidade de Bragança suportar esse ataque”. Essa foi a notícia publicada em 27 de setembro de 1932 pelo jornal Correio de S. Paulo. Bragança havia sido bombardeada pela ditadura varguista.
Em 27 de setembro de 1932, o Correio de S. Paulo noticiou um bombardeio sofrido por Bragança. Segundo a notícia, três aviões passaram por Bragança Paulista, e bombardearam três vezes a cidade, atingindo os bairros distantes do centro. Duas vítimas foram atingidas, e levadas para a Santa Casa local.

O início do conflito
Em 25 de janeiro de 1932, manifestações começaram na Praça da Sé, em São Paulo, contra o governo Vargas. A população paulista, especialmente os paulistanos, mostrava-se majoritariamente anti-varguista. Estudantes, comerciantes e setores da classe média participaram ativamente dos protestos. A tensão entre São Paulo e o governo federal atingiu seu ápice em 9 de julho de 1932, quando os revoltosos iniciaram um grande levante na cidade, resultando em uma guerra civil que se estendeu até outubro.
Apesar da derrota das tropas paulistas pelo Exército nacional, comandado por Vargas e vindo de Minas Gerais, o levante foi suficientemente forte para pressionar Vargas a instituir uma Assembleia Constituinte. Esse movimento resultou na promulgação da Constituição de 1934, considerada uma das mais avançadas do mundo na época.