O Ministério de Minas e Energia pediu ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) um estudo sobre a volta do horário de verão, extinto em 2019 por decreto do presidente Jair Bolsonaro. A pasta, contudo, diz não acreditar que a medida ajudaria a enfrentar a crise energética que o país enfrenta atualmente. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
“A contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno”, disse o ministério na nota. “Assim, no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, continuou a pasta.
No pedido, o MME alega que a investigação é para analisar a volta do horário de verão “à luz da atual conjuntura de escassez hídrica”. A medida teria sido tomada em resposta a pressões do setor econômico.
Órgãos e instituições relacionadas ao clima e ao meio ambiente também defendem a volta do horário de verão, como Instituto Clima e Sociedade (ICS), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e Iniciativa Energética Internacional (IEI), que alegaram que a medida é necessária para a economia brasileira.
No começo do mês de agosto, o presidente Bolsonaro disse que, se a maioria da população quisesse, o horário de verão poderia voltar. Apesar de o chefe do Executivo nacional afirmar que a volta do horário de verão não tem apoio popular, empresários da própria base aliada do mandatário pedem a retomada da medida.
“Como parlamentar, sempre quis colocar fim no horário de verão. Chegamos à conclusão de que ele não economiza energia como se esperava. E a maioria da população era favorável ao fim. Comprovou-se que não aumentava o consumo de energia. Até o momento, continua a maioria da população contrária”, disse o titular do Planalto.
Fim do horário de verão
Bolsonaro assinou, na manhã no dia 25 de abril de 2019, decreto que revogou o horário de verão, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília.
Na ocasião, o presidente disse que, como cidadão, sempre teve “receio” da continuidade do horário de verão e que decidiu acabar com a medida devido a pesquisas de opinião que mostraram que 70% da população brasileira era contra o decreto.
“O ministro de Minas e Energia fez um estudo, procuramos gente da área de saúde para ver até que ponto afetava o relógio biológico das pessoas e todas foram precedentes. Para economia, o horário de pico era às 15h e, na saúde, [o decreto] mexia com o relógio das pessoas”, afirmou.
“Após estudos técnicos que apontam para a eliminação dos benefícios por conta de fatores como iluminação mais eficiente, evolução das posses, aumento do consumo de energia e mudança de hábitos da população, decidimos que não haverá horário de verão na temporada 2019/2020”, disse o mandatário do país.