O filho de uma promotora fugiu após receber voz de prisão de um juiz por suspeita de embriaguez ao volante, após se envolver em um acidente de trânsito dentro do condomínio Residencial Portal Bragança, na noite de terça-feira 9, em Bragança Paulista (SP).
De acordo com os dados do Boletim de Ocorrência, relatado por um juiz ao delegado, o jovem estaria embriagado. O jovem conduzia um veículo Ford/Fiesta e quase atropelou algumas adolescentes que estavam próximo à sede social do condomínio.
Segundo testemunhas, o veículo despencou de um barranco e capotou, só não caindo dentro de um lago porque se imobilizou em uma árvore.
Conforme o relatado pelo juiz, que mora no condomínio e tinha ido buscar o filho, viu o jovem saindo do carro escorado por um colega. Ao advertir o jovem que conduzia o veículo sobre as consequências do que poderia ter ocorrido, o adolescente afrontou o juiz questionando que “ele não sabia com quem estava falando”.
No boletim de ocorrência, o magistrado informou que o jovem estava engatinhando pelo gramado e não conseguia responder às perguntas, momento em que acionou a PM e deu voz de prisão ao jovem por embriaguez ao volante. O juiz ainda teria sido intimidado por pessoas que acompanhavam o jovem.
O juiz percebeu que os dois estavam visivelmente embriagados e deu ordem de prisão ao condutor, determinando o acionamento da polícia.
Nesse momento chegou ao local a promotora, mãe do adolescente e foi informada pelo juiz do que tinha ocorrido. Enquanto juiz e promotora conversavam, o jovem entrou no carro dos pais e foi embora, tendo a mãe ali permanecido por algum tempo, indo embora logo depois, antes da chegada da polícia.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Sandro Montanari, além dos crimes de trânsito cometidos pelo autor, será investigada fraude processual pela intervenção dos pais. O caso foi também foi registrado como desacato e fraude processual – pelo fato do jovem ter deixado o local antes da chegada da polícia.
“Quando o juiz deu voz de prisão ele pediu a preservação do local, o que inclui o autor permanecer na cena. Caso fique comprovado que eles levaram o condutor, podem responder por fraude processual por violarem a área que era alvo de investigação”, comentou Montanari.
O delegado ainda disse que se o inquérito confirmar a fraude, o caso vai ser denunciado ao conselho nacional do Ministério Público, já que a mãe do suspeito é uma promotora.
Além o desacato e fraude processual, o jovem ainda vai responder por embriaguez ao volante, abandono de local de acidente e por trafegar em velocidade incompatível. O jovem e a mãe devem ser intimados a prestarem depoimento.
Um inquérito policial será instaurado pela Central de Polícia Judiciária. O caso foi registrado como embriaguez ao volante, desacato, fugir de local de acidente, bem como trafegar com velocidade incompatível a via.
Em nota ao G1 a promotora negou que o filho tenha fugido do local do crime e alegou que o garoto foi levado do local pelo pai para atendimento médico.
A promotora disse ainda que não sabia que ele tinha recebido voz de prisão ou que a polícia havia sido acionada, já que não houve vítimas no acidente. Por fim, ela acrescentou que vai se apresentar com o filho na delegacia para esclarecimentos.
“Estava em choque e meu marido entendeu por bem retirá-lo do local para acalmá-lo e para ver se ele tinha se ferido já que o local é escuro. Não conversei com o juiz. Nem sabia que a polícia havia sido acionada, pois em razão de não ter havido vítimas nem achei que isso fosse ser necessário. Muito menos tínhamos conhecimento de qualquer voz de prisão pois nada foi dito nesse sentido. Achamos que o Juiz assim como outros moradores estavam no local tão somente pelo fato de ali residirem e estarem prestando eventual auxílio”, informou por nota.