A Polícia Civil prendeu um líder religioso de 49 anos suspeito de estuprar pacientes durante sessões terapêuticas em Socorro. O homem teria cometido os crimes em um terreiro, em um consultório na casa dele, além da Santa Casa de Misericórdia, onde trabalhava como técnico de raio-X.
Segundo a investigação, o homem contava com a ajuda de uma mãe de santo, que indicava os serviços dele para pacientes que considerava mais frágeis. No local onde fazia os “atendimentos”, o suspeito dizia ter “poderes superiores”, capazes de curar dores físicas e emocionais.
Ele oferecia uma variedade de terapias, incluindo regressão, quiropraxia, ozonioterapia, hipnose e massagens, cobrando aproximadamente R$ 150 por sessão. Segundo a delegada Leise Silva, responsável pelo caso, o acusado não possuía qualificação nem autorização para conduzir tais procedimentos.
Durante as sessões, o líder espiritual fornecia um copo d’água, argumentando que “a água é uma condutora elétrica essencial para a terapia”. As vítimas relataram à polícia que, após ingerirem a água, sentiam sonolência e eram incapazes de reagir.
Em entrevista à TV Record, a delegada afirmou que ouviu seis vítimas do homem, além de quatro testemunhas. “Ele se identificava para elas como um semideus”, disse Leise.
Há indícios de que o homem esteja cometendo esses crimes desde, pelo menos, 2017. Depois que uma das mulheres desconfiou da conduta do terapeuta, abriu um grupo de vítimas no WhatsApp. Segundo a Polícia Civil, são ao menos 20 integrantes até o momento, sendo que nem todas prestaram queixa até o momento.
As equipes policiais se deslocaram até a residência do suspeito em Amparo, e efetuaram a prisão. Durante a busca na casa, os agentes descobriram brinquedos sexuais, seringas, câmeras, medicamentos e duas armas de fogo, sendo uma delas ilegal. O indivíduo foi formalmente indiciado por crimes de abuso sexual e posse ilegal de arma de fogo.
A operação recebeu o nome de ‘João de Deus Socorrense’, em referência ao médium João Teixeira de Faria, condenado a quase 100 anos por crimes sexuais no Estado de Goiás.