Um homem que se apresentava como líder espiritual foi condenado, no dia 11 de outubro, a 71 anos de prisão por uma série de crimes sexuais cometidos em Socorro. Ele recebeu ainda pena de 1 ano de detenção no semiaberto após exercer ilegalmente a medicina. A sentença engloba delitos cometidos contra 16 vítimas.
Ele havia sido acusado após a polícia recolher depoimento de 16 mulheres que foram abusadas durante massagens e outros atendimentos com o falso terapeuta. Segundo informações, ele atuava na área da saúde há mais de 20 anos, chefiando o setor de Radiologia da Santa Casa de Socorro.
Além disso, segundo o Ministério Público (MP), o condenado participava de um centro de umbanda, e, em detrimento da sua hierarquia dentro da entidade, passou a oferecer tratamento mediúnicos e massagens. Os abusos sexuais foram cometidos contra diversas mulheres durante os procedimentos. Segundo apuração do próprio MP, dentre as vítimas estava uma adolescente de 17 anos na época, que sofreu o abuso na presença da mãe, além de funcionárias do hospital que atuava.
Em nota, o advogado do acusado disse estar ciente da sentença e respeitar a decisão judicial, “porém, manifesta sua discordância em relação ao veredicto. O advogado destaca que a equipe de defesa considera a fragilidade das provas apresentadas durante o processo e, por essa razão, decidiu recorrer da decisão”.
“A defesa reafirma seu compromisso com a justiça e a defesa dos direitos de seu cliente, e acredita que um novo exame do caso poderá evidenciar as inconsistências que fundamentam o recurso”, diz o texto.
Relatório final do Inquérito
O relatório final do inquérito sobre o caso foi encaminhado no dia 24 de janeiro à Justiça de Socorro. Segundo a delegada responsável pela investigação, Leise Silva Neves, caso apareçam novas vítimas, um novo inquérito será aberto.
No primeiro inquérito constam:
- o depoimento de 16 mulheres que acusam formalmente pelos abusos;
- o depoimento de cinco testemunhas;
- o depoimento de representantes do templo de umbanda que ele frequentava;
Quatro crimes foram detalhados no inquérito policial:
Curandeirismo: pela suspeita de oferecer curas milagrosas a problemas físicos e emocionais em troca de pagamentos
Estupro: pela suspeita de ter cometido os abusos mediante violência.
Violação sexual mediante fraude: pela suspeita de ter abusado sexualmente das vítimas como se fosse uma terapia.
Exercício irregular da medicina: por oferecer serviços de terapias psicológicas e quiropraxia sem a formação necessária.
O CASO
O homem foi preso no dia 15 de janeiro, suspeito de estuprar mulheres durante atendimentos “terapêuticos”. O caso veio à tona após um grupo de mulheres ter procurado uma representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Socorro (SP).
Ele teve a prisão preventiva mantida pela Justiça no dia seguinte e, desde então, está preso em Sorocaba (SP). Segundo a polícia, o suspeito realizava atendimentos terapêuticos diversos em um consultório na casa dele e também atuava como líder espiritual, se descrevendo como uma pessoa “com poderes superiores”.