Na Semana Mundial de Aleitamento Materno, um estudo apresenta a realidade vivida por diversas mulheres durante a gestação. Boa parcela das grávidas entrevistadas afirmou não terem sido examinadas e também não terem recebido nenhum pedido de exame para as mamas. Para a Sociedade Brasileira de Mastologia, esses dados representam uma grande preocupação que merece a atenção das autoridades.
De acordo com o mastologista Anastasio Berrettini Junior, membro da SBM e coordenador do estudo, a pesquisa foi realizada em pacientes de 18 cidades da Região Bragantina, que fica a 40 quilômetros de São Paulo, dentro da maternidade com gestantes e mulheres que acabaram de ganhar o bebê.
– Além da maioria não ter a mama examinada, apenas 20% receberam orientações sobre a higiene das mamas, o que poderia diminuir as taxas de mastite (inflamação das mamas) durante a amamentação – afirma o médico.
Segundo ele, o levantamento foi concentrado no Hospital Universitário São Francisco, em Bragança Paulista. Foram avaliadas 255 pacientes, 92% delas provenientes do SUS e 8% de consultórios particulares, explica Berrettini, acrescentando que o exame físico adequado das mamas deve compreender: a retiradada blusa, examinar a paciente deitada, palpar as mamas e palpar as axilas.
O Mastologista diz que o estudo também se ateve a esse detalhe. Das que foram examinadas, 85% tiraram as blusas, 81% deitaram na maca e 69% e 95% tiveram as axilas e as mamas, respectivamente examinadas.
No entanto, outro ponto do estudo chamou a atenção do mastologista. Apenas 37, das 255 entrevistadas, receberam orientações sobre aleitamento, algo primordial para as mães. Ele ressalta que não são apenas os recém-nascidos que se beneficiam da amamentação. Ela também é fundamental para a saúde das mães e auxilia na diminuição da chance de aparecimento do câncer de mama, alerta o médico lembrando a Semana Mundial de Aleitamento Materno (1 a 8 de agosto).
Ele enfatiza que as mulheres que amamentam por um período maior do que seis meses têm menos chances de desenvolver a doença devido à substituição de tecido glandular por gordura nas mamas. Além disso, em caso de desenvolvimento de câncer de mama, a amamentação protege contra os tipos mais agressivos do tumor. “A amamentação é uma proteção natural para a mulher”, alerta o médico.
Berrettini aponta ainda outros cuidados que se deve ter durante o período de aleitamento para preservar a saúde mamária, como evitar tudo que possa sensibilizar a região, ou seja, o uso de cremes e pomadas nas mamas – que, por hidratar a pele, as deixa mais sensível às fissuras durante a amamentação.
– Expor as mamas ao sol e ajudar o bebê a mamar da maneira adequada também previnem machucados e a mastite – indica.
Por fim, o mastologista afirma que a realização das consultas é o único contato da mulher com o serviço de saúde, momento no qual se devem promover as orientações e cuidados. O exame clínico das mamas é recomendado ao menos uma vez por trimestre. A amamentação ofusca o diagnóstico precoce do câncer de mama, portanto o exame delas no período da gravidez é de extrema importância, conclui o médico.